terça-feira, 22 de junho de 2010

Arquitetura das Górgonas - IV

- No absurdo da restrição ao nosso caminhar. Vivemos em micro-regiões de falsa segurança, com falsas esperanças de sobrevivência baseadas na falsa imagem de se pode comprar sistemas e seguros. Esquecemos dos portões. Não dos portões metafóricos, que sinalizam a passagem a espaços diferenciados, mas dos que fingem nos proteger e na verdade são o território onde todos os procedimentos, investimentos e ilusões se perdem. Aqueles onde passamos para buscar a segurança ansiada, mas nos expõem à fragilidade deste nosso servir de repasto ao monstro - neles estamos expostos à passagem. Ao momento onde a horda nos encontra de ventre revirado, como o animal de matilha que expõe o abdomen para demonstrar submissão. Neles nos acordamos para o fato de que o mais poderoso bunker tem sua fragilidade na menor porção. Onde entramos e saímos. E com isso pactuamos com o absurdo - minimizamos nosso mundo a encerras, muros e portões fortalezas para o engano da vida segura. E deixamos de caminhar livres. Nos prendemos. Nos restringimos.

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